Há mais de 300 anos que a indústria está em constante desenvolvimento e evolução, começando em 1765 com a Primeira Revolução Industrial em Inglaterra e que se caraterizava pela mecanização dos processos industriais que, anteriormente, eram totalmente manuais. O carvão começou aqui a ser utilizado como fonte de energia.
Cerca de 100 anos mais tarde, mais concretamente em 1870, surgia a Segunda Revolução Industrial, marcada pela eletricidade e pelo petróleo como fontes de energia. Também surgiram nesta época as indústrias químicas e de aço, os modelos de organização de produção criados por Taylor e Ford, e ainda os automóveis, telefones e rádios. Tudo isto ajudou a desenvolver a indústria, e os lucros e a produtividade tiveram ganhos inacreditáveis.
E por volta de 1969 surgia a Terceira Revolução Industrial onde a tecnologia ganhou mais espaço com o desenvolvimento de equipamentos eletrónicos, computadores e telecomunicações.
Em 2011 surgia a Quarta Revolução Industrial, mais conhecida como Indústria 4.0, e que se caraterizava por indústrias mais conetadas, uma elevada utilização de dados, uma maior produtividade e eficiência nas indústrias. Tudo tendo como objetivo reduzir falhas e otimizar os processos. A Indústria 4.0 premiou a utilização da robótica e da tecnologia.
E mais recentemente, devido à mudança de processos, surgiu a Indústria 5.0 que se carateriza pelos processos automatizados e conetados e onde há uma grande valorização da conexão entre seres humanos e máquinas.
Este tema já foi abordado em artigos publicados na revista “robótica”. Tenha acesso a todos artigos de forma gratuita, para tal só tem que efetuar a Assinatura Digital e terá acesso a todas as edições.
Os pilares da Indústria 4.0
A Quarta Revolução Industrial é conhecida pela entrada da tecnologia e automação que modernizam os processos produtivos na indústria, garantindo uma maior produtividade e eficiência. Surgem máquinas inteligentes e interconetadas entre si que trabalham com pouca interferência humana mas muita tecnologia, exigindo muito investimento e uma transformação completa com muita inovação.
A Indústria 4.0 destaca-se pela utilização de big data, robots autónomos, simulação, integração de sistemas, Internet das Coisas, cibersegurança, computação na cloud, Impressão 3D e realidade aumentada. Mas vejamos tudo isto mais em pormenor:
1. Big data
Esta é uma tecnologia que permite que dados de diferentes fontes sejam organizados e analisados de forma automática, permitindo assim que a indústria fique menos dependente do Homem. Depois dos dados recolhidos durante o processo produtivo é possível evitar ou identificar falhas porque os gestores conseguem tomar decisões mais assertivas, e a qualidade da produção é mantida num standard adequado.
2. Robots autónomos
A partir da inteligência artificial, os robots conseguem agir de forma inteligente sem necessidade de supervisão humana. E com estes robots autónomos verifica-se uma redução nos custos. A somar a isto também existem processos mais delicados e demorados que podem ser feitos por estes robots de uma forma mais ágil e rápida.
3. Simulação
Conseguir simular processos produtivos e mudanças na instalação industrial é uma grande vantagem da Indústria 4.0 porque permite identificar problemas e necessidades de melhoria. Desta forma evitam-se avarias e consequentes paragens, e poupa-se nos gastos das reparações.
4. Integração de sistemas
Recolher dados de diferentes fontes e partilhar informações em tempo real são algumas das vantagens da indústria ter integrado os seus processos, departamentos e sistemas num só local. Desta forma é possível criar análises mais assertivas e promover a inovação nos processos.
5. Internet das Coisas
Em todos estes processos a ligação à Internet é imprescindível, por isso exige-se que os equipamentos, as estações de trabalho e os sensores estejam sempre ligados à rede.
6. Cibersegurança
Como está tudo ligado à Internet é importante que a ligação seja segura. Os riscos de não utilizar este tipo de sistema são grandes e podem prejudicar a empresa em caso de perda de dados, e os servidores e o armazenamento de dados podem ainda ser invadidos por hackers.
7. Computação na cloud
É muito importante porque é a partir desta que a partilha na cloud permite que as pessoas possam aceder às informações em tempo real e a partir de qualquer local. Ou seja, um operador de máquina pode incluir dados no sistema e o seu supervisor pode aceder a esses mesmos dados em tempo real e a partir de qualquer local do mundo.
8. Impressão 3D
Garante que as peças e os produtos personalizados sejam criados para responder a uma necessidade da Indústria 4.0. Podemos criar a partir da Impressão 3D um produto mais leve e mais resistente.
9. Realidade aumentada
Está relacionada com a mistura entre conteúdo físico e conteúdo digital, e podemos utilizar esta tecnologia para melhorar a gestão das máquinas, por exemplo. Com esta tecnologia os técnicos conseguem avaliar problemas a partir de orientações digitais e até mesmo, em realidade virtual.
E chegamos à Indústria 5.0
As empresas ainda se estão a adaptar à nova era, à Indústria 5.0, mas ela já está implementada nas empresas que já perceberam que a tecnologia é importante mas que a presença humana acrescenta algo fundamental e não deve ser descurada. É crucial para a indústria que as máquinas e os humanos trabalhem juntos para facilitar os processos produtivos, e garantir produtos de elevada qualidade. O objetivo passa sempre por garantir inovação e personalização dos produtos, mas mantendo sempre a agilidade e eficiência nos processos produtivos. Assim sendo, podemos dizer que a Indústria 5.0 destaca-se pela interconexão, suporte cognitivo, personalização e toque humano.
Vejamos de seguida os 4 grandes pilares da Indústria 5.0 que foram definidos segundo o japonês Council for Science, Technology and Innovation (CSTI):
- Promover ações para criar um novo valor para o desenvolvimento da futura indústria e transformação social;
- Responder aos desafios económicos e sociais;
- Reforçar os fundamentos da Inovação Científica e Tecnológica;
- Estabelecer um ciclo virtuoso sistémico de recursos humanos, conhecimento e capital para inovação.
Muitos defendem que a Indústria 5.0 refere-se à colaboração do trabalho humano ao lado de robots e máquinas inteligentes, ajudando num trabalho mais rápido e melhor e aproveitando tecnologias avançadas como a Internet das Coisas e o Bid data. Surgem neste contexto os cobots, colaboração entre homem e robots.
Os robôs colaborativos são exatamente as ferramentas de que as empresas precisam para produzir produtos mais exigentes e que respondam às necessidades dos consumidores. Os cobots permitem trazer o toque humano às produções em massa, aprimorando a habilidade humana com a velocidade, exatidão e precisão necessárias para fazer produtos modernos com um toque humano. Eles são ferramentas que fornecem aos trabalhadores humanos “super poderes” em termos de velocidade e precisão. Isso é o que é preciso para fazer produtos manufaturados industrialmente com um toque afetivo.
Existem 3 grandes vantagens da Indústria 5.0: otimização de custos (com humanos e máquinas a trabalhar em conjunto é mais fácil identificar onde é possível reduzir custos com processos simplificados, decisões mais assertivas e análises de problemas com uma maior eficiência), preocupação com o meio ambiente; personalização e toque humanos (processos mais humanizados para garantir a criação de produtos mais personalizados).
Está preparado para a Indústria 5.0?
Para estar preparado para a Indústria 5.0 há 3 elementos chave que deve compreender:
1. Indústria 5.0 apoia mas não substitui os humanos
Não confunda a robótica e os robots com a oportunidade de eliminar trabalhadores. Embora os robots sejam mais consistentes e melhores no trabalho de precisão, os humanos são mais resilientes e têm um pensamento crítico, importantes em qualquer trabalho.
2. Equilíbrio entre eficiência e produtividade
Interconetar máquinas, processos e sistemas para otimizar o desempenho é o objetivo da Indústria 4.0, ao contrário da Indústria 5.0 que leva esta eficiência e produtividade um pouco mais longe, melhorando as interações colaborativas entre humanos e máquinas.
3. O progresso da Indústria 5.0 é inevitável
Uma empresa não deve ficar totalmente dependente da tecnologia, devendo analisar que os sistemas são vulneráveis a riscos sistémicos como colapso total da rede. Por isso, a colaboração entre a capacidade humana e a digital é essencial.