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Físicos da Universidade de Coimbra entre os vencedores do Prémio Descoberta em Física Fundamental

Físicos da Universidade de Coimbra entre os vencedores do Prémio Descoberta em Física Fundamental

Um grupo de cientistas da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) foi distinguido com o Prémio Descoberta em Física Fundamental de 2025, atribuído à Colaboração ATLAS do Grande Colisionador de Hadrões (LHC) do CERN, juntamente com as suas experiências ALICE, CMS e LHCb.

O ATLAS é um dos maiores e mais complexos instrumentos científicos alguma vez construídos. Como detetor de partículas de uso geral com mais de 40 metros de comprimento e cerca de 25 metros de altura, foi concebido para investigar os blocos de construção fundamentais da matéria e as forças que governam o nosso universo. Os seus sistemas de ponta registam colisões de partículas a energias sem precedentes, permitindo descobertas como a do bosão de Higgs e a procura de nova física para além do Modelo Padrão.

O Prémio Breakthrough destaca especificamente as contribuições significativas da Colaboração ATLAS para a física de partículas, incluindo medições detalhadas das propriedades do bosão de Higgs, estudos de processos raros e assimetria matéria-antimatéria, bem como a exploração da natureza nas condições mais extremas.

“Esta distinção é uma prova da dedicação e engenho da Colaboração ATLAS e dos nossos colegas nas experiências do LHC. Este prémio reconhece a visão coletiva e o esforço monumental de milhares de colaboradores de ATLAS em todo o mundo, considera o porta-voz do ATLAS, Stephane Willocq, Professor na Universidade de Massachusetts Amherst.

A Universidade de Coimbra tem estado na vanguarda da investigação em ATLAS desde o início, contribuindo para a construção e operação do calorímetro Tilecal, do sistema trigger, da infraestrutura de computação do LHC e de vários outros sistemas críticos que permitiram o bom funcionamento da experiência. A Instituição esteve também na vanguarda de algumas das principais medições nos setores da física de Higgs, dos quarks top e da procura de nova física, contribuindo ainda para moldar a direção científica da experiência.

“A equipa portuguesa de ATLAS tem tido contribuições de primeira linha para a experiência, tanto em estudos de física como no desenvolvimento das tecnologias que os possibilitam, declara Ricardo Gonçalo, Professor da FCTUC e investigador do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP). “Este reconhecimento afirma o impacto das nossas contribuições e inspira-nos a continuar a explorar as questões mais fundamentais da física”, acrescenta Helmut Wolters, também Professor da FCTUC e investigador do LIP.

Os avanços científicos que motivaram este prémio demonstram o engenho da Colaboração ATLAS, não apenas a construir esta experiência de precisão extraordinária, mas também no esforço incansável de usar a experiência para melhorar a nossa compreensão do Universo”, consideram os cientistas.

O terceiro período de funcionamento do LHC está em curso e os preparativos para a atualização do LHC de alta luminosidade estão a avançar rapidamente. A equipa da FCTUC está, neste momento, a liderar o desenvolvimento de vários componentes do Detetor de Tempo de Alta Granularidade, um novo subdetetor de ATLAS, tendo em vista o período de Alta Luminosidade do LHC, em que as taxas de colisão aumentarão de um fator de dez a partir de 2030.

“Estamos agora a preparar os detetores ATLAS do futuro, concebidos para aproveitar estes dados sem precedentes e ampliar ainda mais a nossa compreensão dos blocos de construção fundamentais do Universo”, concluem.