Diretamente do Novotel Base City, na Alemanha, para os jornalistas que acompanhavam o evento da Endress+Hauser presencialmente ou de forma online, Matthias Altendorf foi o primeiro a falar. O CEO da marca começou por fazer um apanhado do desempenho da empresa durante o ano de 2022. “Apesar de ter sido um ano com contradições, tivemos uma boa performance”, disse, explicando como a guerra na Europa, a falta de energia, a inflação dos preços, as falhas nas cadeias de produção e os novos confinamentos na China tornaram o ano passado num dos mais desafiantes. “No fim do dia, o nosso negócio foi muito mais estável do que era esperado dentro destas condições”, confessou.
Este foi o mote do discurso que se seguiu. Apesar de toda a dificuldade, a Endress+Hauser terminou o ano de 2022 com cerca de 2,9 milhões de produtos entregues e com um aumento de 30% em vendas. “Ao contrário de outras empresas, nunca interrompemos a nossa produção“, explicou. Isto foi possível porque a empresa alemã faz uma gestão inteligente do seu inventário, recorrendo a parcerias de longo prazo com fornecedores chave. “Apesar de ser significativamente abaixo do nosso objetivo, conseguimos entregar 84% das encomendas atempadamente”, afirmou.
Contudo, o CEO confirmou que nem tudo correu pelo melhor. “Estaríamos extremamente felizes à medida que entramos no ano em que celebramos o nosso 70.º aniversário, se a nossa alegria não fosse assombrada pelo encerramento do nosso negócio na Rússia“, disse.
Matthias Altendorf explicou que, cumprindo com as sanções impostas pela ONU, o encerramento foi necessário, mas que não esqueceram a sua responsabilidade para com os funcionários e os clientes. Adiaram ao máximo a decisão, começando por adaptar o modelo de negócio e por se focar exclusivamente em áreas civis. Contudo, o encerramento foi inevitável. Aconteceu em outubro e, pela primeira vez na história da Endress+Hauser, fecharam “sistematicamente um centro de vendas, que estava diretamente associado com a perda de 170 postos de trabalho“. O CEO confessou que a empresa fez de tudo para amparar as consequências deste ato, tendo colocado alguns funcionários noutras localizações do grupo.
Foi precisamente nos funcionários que Matthias Altendorf se focou a seguir. “É através das conquistas dos nossos trabalhadores que nos temos saído tão bem”, afirmou. Segundo o CEO, é graças a bons funcionários que a Endress+Hauser consegue ter uma relação próxima com os clientes e consegue produzir produtos de qualidade, levando a uma cultura que põe as pessoas em primeiro lugar. Tudo isto contribui para que a empresa seja um fornecedor líder de processo e automação laboratorial. “Nós vemos a criação, o desenvolvimento e a retenção de trabalhos seguros como uma contribuição valiosa para o bem comum”, confessou, falando em seguida da iniciativa de formação internacional que a empresa lançou em 2022, que se coaduna com o objetivo de reservar 5% das posições do Grupo para estagiários, aprendizes e alunos.
Em 2022, a Endress+Hauser criou 700 novos postos de trabalho e, com isso, surgiu a necessidade de mais espaço. Como tal, investiram 240 milhões de euros em novos edifícios e equipamentos, quebrando precedentes. “Nós criamos locais de trabalho modernos e orientados para o futuro. Aproveitamos a digitalização e a automação nas nossas instalações de produção”, explicou o CEO, destacando alguns produtos da marca como o Promass Q, o Micropilot FMR6xB, o Liquiline Mobile CML18 e o Memobase Pro documentation software como prova de que a empresa continua a investir também no desenvolvimento de novos produtos, soluções e serviços. Matthias Altendorf não terminou sem antes falar nas iniciativas da Endress+Hauser que levam ciência, tecnologia, engenharia e matemática aos mais novos e água limpa para famílias do Sul de África. Esta última, foi organizada pela WIN (Women’s Integrated Network), uma rede global que tem como objetivo promover a mulher na Endress+Hauser. “Até 2030, queremos aumentar a percentagem de mulheres nos nossos trabalhadores, de 30 para 40% e subir o rácio de gerentes femininos para 30%”, explicou o CEO.
O último ponto desenvolvido por Matthias Altendorf foi a sustentabilidade. “No ano passado, criamos o posto da Responsabilidade Social Corporativa, que serve também como uma defensora de Direitos Humanos”, contou o CEO, depois de assegurar que, pela segunda vez, a Endress+Hauser conseguiu o status platina da EcoVadis, a entidade de referência no que toca à sustentabilidade. “Fazemos muito para reduzir a nossa pegada de carbono. Investimos em edifícios com tecnologias inteligentes e fontes de energias sustentáveis. No entanto, sabemos que tendo em conta toda a cadeira de valor, a maior parte da nossa pegada vem dos intermediários e dos componentes comprados. Contudo, nós aceitamos o objetivo”, concluiu.

2022 EM NÚMEROS E 2023 RECHEADO DE MUDANÇAS
A Matthias Altendorf seguiu-se Luc Schultheiss. O CFO na Endress+Hauser falou em detalhe do crescimento da marca em números. “Acreditamos que, mais uma vez, tivemos uma performance acima da média do setor e, consequentemente, ganhamos participação de mercado“, explicou.
O Grupo alcançou um crescimento orgânico de 11,6%. A nível de funcionários, reafirmando as palavras do CEO, Luc Schultheiss reforçou que apesar de terem sido feitos 700 novos contratos, este número ficou abaixo do esperado. “A escassez mundial de trabalhadores qualificados impediu-nos de contratar mais pessoas. Um terço das novas posições foram criadas na região de Basel, onde mantemos grandes instalações”, disse.
Mas é do futuro se fazem as empresas e, para 2023, a Endress+Hauser planeia investir mais de 400 milhões de euros, com o objetivo de continuar a expandir as suas infraestruturas. “Iniciamos 2023 com um volume de pedidos recorde nas mãos. Para este ano, estamos a contar que as vendas cresçam um pouco menos do que no ano anterior ano, mas queremos criar 500 empregos adicionais. Atingir estas metas depende muito de como a situação geral do negócio se desenvolver”, confessou o CFO.
O evento não terminou sem uma palavra de Klaus Endress, que falou sobre as mudanças que estão prestes a acontecer na empresa. “2022 foi um ano muito bom para a Endress+Hauser. Pedidos recebidos, vendas e empregabilidade atingiram novos patamares em 2022. O meu pai estaria orgulhoso em ver no que a Endress+Hauser se transformou”, disse, referindo-se sempre à empresa como “nossa” porque acredita que “a empresa pertence a todos: trabalhadores, clientes, fornecedores,…”. “Relacionamentos leais favorecem todos. São as pessoas que fazem a diferença na nossa empresa. Elas trazem o espírito da Endress+Hauser à vida todos os dias”, partilhou.
Para o filho do fundador, a empresa alemã tem-se conseguido adaptar bem às mudanças. Depois de Nikolaus Krüger se ter reformado, deixando um desafio na busca por um substituto, o seu lugar foi ocupado por Laurent Mulley. Contudo, mudanças também estão a acontecer no topo da empresa. Klaus Endress partilhou que no fim do ano se vai reformar, deixando de ter um papel ativo na empresa. O seu substituto será Matthias Altendorf, que por sua vez será substituído por Peter Selders. “Quando eu sair, a família continuará a ser representada pelo meu sobrinho, Steven Endress, enquanto Supervisory Board Member. Nós vemos a Endress+Hauser como uma família e essa visão não vai mudar. A família irá continuar a ter um papel formativo na empresa”, concluiu.
O próximo evento da Endress+ Hauser em Basel está marcado para o fim de junho, onde a marca vai receber mais de 1000 clientes, parceiros e especialistas para falar sobre como mudar, de forma sustentável, a Indústria de processo no seu Fórum Global e festejar o seu 70.º aniversário.