Todos nós já ouvimos falar de robótica quanto mais não sejam os leitores desta revista uma vez que esta se intitula de “robótica”. Postas as “coisas” nestes termos pouco se acrescentará ao tema, mas será intuitivo, e mais uma vez faço referência ao título da revista, que falamos de automação, controlo e instrumentação.
Olhando para estas 3 palavras percebemos o quanto elas são parte integrante da robótica ou dos robots, sejam industriais ou colaborativos. Efetivamente quando falamos de robots falamos de processos automatizados (automação) que nos permitem otimizar os sistemas
produtivos colocando o foco da sua ação na melhoria da qualidade, produção estandardizada, e consequentemente com custos mais reduzidos. Por outro lado, teremos de ter noção que os robots coexistem, já há algum tempo, nas linhas de produção sujeitos a medidas de controlo apertadas que visam não só aumentar a eficiência produtiva (otimização), mas também, a segurança dos operadores pela monitorização do ambiente, tendo por base os sinais da instrumentação (equipamentos de segurança, por exemplo). Neste sentido, a colaboração HomemRobot (CHR) não se cingirá só à área produtiva, mas também, à área ergonómica, eliminação de tarefas repetitivas, de risco e árduas (diminuição do absentismo) manifestando-se numa partilha de espaços de trabalho que cada vez são mais comuns, quer em tempos diferentes quer em simultâneo.
Com o advento da Indústria 4.0, a interação entre pessoas e máquinas e máquinas-e-máquinas passou a ser o foco da automatização industrial. As pessoas, centro de toda a atividade industrial, assumem agora um papel de integração mudando o protagonismo produtivo para um sistema colaborativo em que o operário partilha com o robot a mesma zona de trabalho e as tarefas produtivas. Esta simbiose transporta a robótica para um nível de colaboração que nos leva a questionar se é a máquina, robot, que interage com o homem ou se é o homem que interage com o robot. A verdade é que os robots colaborativos, designados de “cobots”, já se encontram a trabalhar lado a lado com o homem e na mesma linha de produção, realizando tarefas repetitivas e sensíveis com precisão milimétrica, muitas vezes, em condições insalubres e perigosas, realizando tarefas de elevado desconforto ou de grande risco para a vida humana.
Esta colaboração “Homem-robot” não estará isenta de riscos pois cada integração acarretará novos riscos de implementação intrínsecos a cada aplicação. Assim e independentemente da interação associada à aplicação deverão ser previstas ações que protejam especialmente o homem, mas também o equipamento, de modo que seja possível deter o robot durante a interação, obter uma velocidade de funcionamento segura e reduzida e, principalmente, a limitação da força e da potência assegurando-se um limite de carga biomecânica que garanta a eliminação do risco ou lesão do homem, independentemente do contacto físico, isto é, permitir que o robot desempenhe as suas funções mantendo a segurança dos bens bem como das pessoas que com ele interagem.
Adriano A. Santos
O dossier “Robótica colaborativa” é composto pelos seguintes artigos:
- Solução modular de desinfeção para robots móveis colaborativos
- Filipe Carrondo, EPL – Mecatrónica & Robótica
- Porque investir em robótica colaborativa em tempo de pandemia?
- Robótica colaborativa na realidade atual (Covid-19)
- César Neto e Nuno Moreira, FANUC Iberia
- Soluções de segurança para colaboração inteligente homem-robot
- Artigo adaptado por Tiago Carvalho, F.Fonseca S.A
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