Todos conhecemos os desafios. Alterações climáticas e KPIs de sustentabilidade, pressões para reduzir custos, flutuações na procura de energia e preços elevados das matérias-primas, aumento de variantes de produtos e ciclos de vida mais curtos, regulamentação mais rigorosa, evolução contínua da força de trabalho e escassez e, claro, a necessidade de realizar esforços constantes para conseguir maior crescimento e lucros.
Em última instância, a única forma de dar resposta a todas estas exigências sem comprometer os resultados financeiros é a digitalização de fábricas, instalações, processos, máquinas e operações industriais.
Melhorar o trabalho através da automação
Alcançar estes KPIs, que são diversos e por vezes até contraditórios, não é possível sem os insights de negócios corretos, obtidos a partir de dados de todos os níveis das operações.
Isto, por sua vez, requer a integração da tecnologia operacional (TO) com a tecnologia de informação (TI), e transparência. Mais além – e acima – disso, é crucial contar com um sistema de automação aberto e flexível o suficiente para apoiar, em vez de dificultar, os objetivos de negócios em constante evolução que as indústrias enfrentam em 2024 e no futuro.
Os sistemas avançados de automação industrial que suportam a digitalização vão ajudar as organizações a enfrentar estes desafios e a fechar o ciclo que vai desde os insights até à ação e valor comercial. Afinal de contas, o propósito principal da tecnologia é otimizar o desempenho das pessoas e dos processos: a força de trabalho existente deve ser apoiada e capacitada com os conhecimentos certos para tornar o trabalho mais simples, seguro, sustentável e produtivo.
A tecnologia também deve ajudar a garantir agilidade, resiliência e eficiência durante períodos desafiantes como o atual. Sabemos que as indústrias do futuro requerem automação industrial aberta e centrada em software, que seja flexível, resiliente e sustentável. Mas como chegamos lá? E podemos chegar lá com a tecnologia que temos hoje?
Explicar o que são SILOS
Muitos dos sistemas de automação industrial atuais são fechados, proprietários e orientados por hardware. As organizações investem em digitalização para otimizar os seus sistemas com tecnologias avançadas como Machine Learning (ML), Inteligência Artificial (IA) e realidade virtual, para melhor recolher, contextualizar e analisar os dados, mas todos estes componentes requerem uma conexão entre TI e TO para alcançar o seu potencial total. Embora isto seja possível com a tecnologia atual, é dificultado pelos sistemas de automação orientados por hardware, que não são facilmente integráveis com outras plataformas de automação de fornecedores diferentes.
Em vez de investir em automação baseada em tecnologia criada há décadas, precisamos de dar início a uma nova era que tire partido do potencial do mundo digital. Os sistemas de automação e a mentalidade mais ampla da indústria devem evoluir das nossas raízes fechadas e orientadas por hardware proprietário para novas formas de operar e pensar. O software e os dados devem desempenhar os papéis principais para dar resposta aos requisitos complexos das operações modernas e digitalizadas. Fundamentalmente, a automação deve habilitar a transformação digital industrial, em vez de a restringir.
As tecnologias necessárias para alcançar isto já estão disponíveis e em utilização, mas precisam de se tornar omnipresentes. Os sistemas modernos devem seguir os princípios de portabilidade, interoperabilidade, colocar o software no centro de tudo e, mais importante ainda, ser totalmente abertos. Então, todos poderemos tirar melhor partido da tecnologia de TI disponível e fazê-la converger com o melhor do mundo da automação industrial.
A necessidade de automação universal
Para começar, precisamos de harmonizar os dados de automação, o que simplifica a comunicação entre ferramentas, software e máquinas. Precisamos também de definir e seguir padrões globais para a troca de dados e cultivar um mundo que esteja desvinculado do hardware específico de qualquer fabricante.
Estes passos vão minimizar os custos e esforços de desenvolvimento e tornar a criação e manutenção de infraestrutura fiável muito mais fácil. Isto, por sua vez, incentiva mais organizações industriais a escalar os seus casos de utilização e juntar-se à revolução da automação universal, acelerando a interoperabilidade e a abertura dos sistemas de automação e revolucionando a produtividade em todo o mundo.
A visão deve ser que fornecedores de software, utilizadores finais industriais, integradores de sistemas, OEMs e entidades académicas partilhem um motor de execução de automação industrial, ou uma camada de software de automação comum, em todas as suas soluções, independentemente da marca. Um modelo de fonte partilhada semelhante já é amplamente utilizado nos mundos da computação, smartphones e e-commerce – por exemplo, todas as diferentes aplicações na loja de aplicações para smartphone combinam-se para criar um ecossistema de entretenimento, informação e ferramentas de resolução de problemas. Nós, empresas do setor industrial, também precisamos de criar um ambiente independente de fornecedor que ajude a otimizar tanto os custos como o desempenho.
Esta abordagem de ‘automação universal’ vai exigir uma colaboração generalizada, especialmente através da disponibilização e utilização de componentes de software de automação ‘plug-and-produce’, habilitados pelo padrão IEC 61499 para interoperabilidade e portabilidade. Uma camada de automação padronizada entre fornecedores e operadores de automação proporciona enormes oportunidades de crescimento e modernização, simplificando a convergência TI/TO. Quando todos trabalhamos juntos como um ecossistema, o benefício é também de todos.
Automação de próxima geração
A automação universal pode soar como sendo o futuro, mas a verdade é que já se pode materializar hoje. Tecnologias de suporte aparentemente avançadas parecem estar prestes a tornar-se comuns em toda a indústria, como gémeos digitais, robots autodidatas e dispositivos que podem programar-se a si mesmos. A automação industrial será, em breve, liderada por um paradigma “definido por software” que torna fácil responder fluidamente às mudanças de mercado à medida que ocorrem – e às vezes até antes de ocorrerem.
Os robots automatizados, câmaras e sensores futuristas já foram integrados harmoniosamente em muitos chãos de fábrica, enquanto os dados acompanham as operações das instalações para alimentar a tomada de decisões convincentes que otimizam a eficiência geral. A análise alimentada por IA pode mesmo permitir previsões e gestão de riscos ultra precisas, revolucionando a resiliência contra os desafios sociais, ambientais e económicos mais difíceis. À medida que estes desafios evoluem, as empresas dotadas das últimas tecnologias não só vão ser capazes de os superar, como vão mesmo tirar proveito deles – ultrapassando os concorrentes mais lentos, dando resposta às novas necessidades dos clientes e solidificando a sua posição no mercado.
Como é que as empresas podem, então, começar este caminho? Monitorizando de perto as notícias sobre os últimos desenvolvimentos, pesquisando potenciais fornecedores e parceiros de automação e lançando uma transformação digital do ‘futuro do trabalho’ que lhes permita preencher quaisquer lacunas, desde o talento à tecnologia, pensando em futuras capacidades críticas. Podem até querer juntar-se à UniversalAutomation.org, uma associação independente e sem fins lucrativos que une utilizadores, fornecedores e académicos que gerem a implementação partilhada de código aberto. Afinal de contas, as primeiras a dar estes passos vão estar prontas para liderar o caminho e prosperar desde já graças ao poder da automação industrial… e aproveitar ainda melhor o incrível potencial de amanhã.
Fabrice Jadot
Senior Vice President
Next Generation Automation Solution Incubator da Schneider Electric